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Fala de forma a que o teu filho te ouça!

Olá, estimo que estejas bem 😊

Costuma acontecer-te a sensação de que falas, falas, falas e o teu filho não te ouve? Então lê até ao fim, espero que este artigo te ajude.

Muitas vezes, ouvimos dizer que “menos é mais”.

Também se aplica a este contexto.

E tu sabes. Sabes, porque certamente já reparaste que em determinadas situações, em que preparaste um “discurso” ou “sermão” acerca de um certo e determinado assunto que te tem andado a incomodar, é justamente quando o teu filho mostra menos disposição para te ouvir, certo? Certo.

E não, isso não tem nada a ver com incompetência tua, nem quer necessariamente dizer que o teu filho não quer saber do que dizes ou ainda menos, de ti.

Ele apenas não quer ouvir aquele sermão. Quem é que tu conheces que goste de ouvir sermões, especialmente aqueles que começam com um tom acusatório “tu fizeste isto ou aquilo…”.

Como é que tu te sentes quando alguém começa a falar contigo assim? Pois. Os filhos são pessoas. Como eu e tu. E tal como eu e tu, não gostam de se sentir julgados ou acusados. Quando isso acontece, o cérebro humano (tanto o de pais como o dos filhos) entra em “modo defesa” (às vezes até entra em modo “ataque”), porque a crítica dos outros é processada como um sinal de que a relação pode estar comprometida.

E os filhos querem sentir-se ligados aos pais. Acredita. Mesmo quando desafiam os limites, ou melhor dizendo, sobretudo quando desafiam os limites, o que os filhos estão mesmo a precisar é de saberem quais os limites são, para que se sintam seguros.

 

O que acontece quando ralhas?

Quando ralhas, está a tentar mostrar-lhe que tu tens a razão e que és mais competente para avaliar a situação do que ele. E muito provavelmente, até és mesmo, mas não é isso que está aqui em causa. Quando queres promover o diálogo, não tentes ter razão. É só isto.

Quando te esforças e “gastas o teu latim” a mostrar, por a+b, que sabes bem o que dizes e que se não fosse mesmo importante, não o dirias, a verdade é que o teu filho vai perceber, (pela tua postura, pelo teu tom de voz, pela tua expressão facial, etc.) que estás a tentar mostrar que tens razão.

E quando isso acontece, o cérebro dele reage em espelho ao teu e naturalmente, ele vai tentar ter razão também. E pode mostrar-te isso de várias formas: fazendo uma birra, discutindo contigo, dizendo-te algo nada simpático ou simplesmente virando costas ou não olhando sequer para ti nos olhos. E ambos perdem. Perdem a oportunidade de comunicar de forma mais positiva e construtiva.

 

Então e aconselhar?

Os conselhos podem ter muitas vezes o mesmo efeito que os “sermões”. Simplesmente não despertam interesse e tendem a colocar o outro na defesa. Neste caso, o facto de uma das partes estar a colocar-se numa postura “mais sábia” que a outra, pode ajudar a bloquear os canais de comunicação.

 

Como podemos comunicar com menos esforço e mais eficácia com os nossos filhos?

algumas coisas simples que podes fazer, e o melhor de tudo, sem deixares o cérebro do teu filho à defesa (nem o teu) 😉

Diz aquilo que queres em vez do que não queres (por exemplo, “vai jogar à bola lá para fora”, em vez de “não jogues à bola dentro de casa”)

Fala daquilo que sentes, em vez de acusares (por exemplo, “fico incomodada quando vejo os brinquedos no chão da sala”, em vez de “deixaste tudo desarrumado”).

– Prefere o sim condicional, em vez do não redondo (por exemplo, “sim, podes ver os bonecos quando terminares os trabalhos de casa”, em vez de “não podes ver os bonecos porque ainda não fizeste os trabalhos de casa”).

Pergunta ao teu filho o que precisa, em vez de criticares o que está a fazer (por exemplo, “o que precisas para te concentrares no trabalho de casa?” em vez de “para de te distraíres e concentra-te”).

Descreve o que vês em vez de julgares o caráter do teu filho (por exemplo, “tens a cara cheia de molho de tomate”, em vez de “és um desajeitado e estás porco”)

Pede o que queres que ele faça, de forma curta, clara e num tom firme e gentil (por exemplo, “podes ajudar-me a fazer isto”, em vez de “vem fazer isto imediatamente!!)

Quando algum comportamento te desagradar, em vez de criticares a sua maneira de ser (por exemplo, “deixa de ser teimoso”), descreve o que está a acontecer (por exemplo, “estamos a insistir em ideias diferentes”).

Dá o exemplo de como consegues dizer “não” sem agredires ou gritares, e de como consegues pedir desculpa quando erras, ou como consegues pensar em problemas da tua vida que te estão a afligir. As crianças aprendem sobretudo pela observação natural do que fazemos.

Ajuda o teu filho a pensar; em vez o aconselhares, opta por ajudá-lo a colocar questões e cenários diferentes. Mesmo quando te parece óbvio, a verdade é que se for ele a chegar a essa conclusão, já viste o bem que fizeste, criando as condições para ele se apreciar e saber que é capaz?

 

Da minha experiência como mãe e como profissional tudo isto resulta melhor do que qualquer crítica, castigo ou ralhete que dês. Quando comunicas com assertividade e com a consciência da relação que queres ter com o teu filho, isso ajuda, e muito, a que a comunicação seja fluida e voz aproxime.

Espero que te tenha feito sentido e que possas partilhar com alguém a quem este artigo possa ajudar. E claro, se tiveres outras sugestões, deixa aqui nos comentários!

Os temas nunca estão esgotados e gosto de contar com a tua participação 😊

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